sábado, 14 de abril de 2012

OS CINCO MIL ESCONDERIJOS

Quantas cores vejo no negro dos seus olhos!
E o fogo de seu sangue que me queimou… levo cicatrizes por haver te sentido dentro.
Me cale e me tranque a boca. Use as agulhas que encontrou em meu agulheiro; meu silêncio.
Me parta a cara com tuas mãos de papel e me encha o corpo de ar pra que possa
continuar flutuando. Acendi um cigarro com o calor de nossa pele… Que me gritavam me arranhavam, me coloriam e voltei  a ver os seus olhos de sombra.
E me perdi.
Corro pelos cinco mil esconderijos do seu olhar e me desfaço… escorrendo como lagrimas
das vontades partidas.
Não houve palavra, não houve silêncio, não houve você, eu tampouco.
Sigamos descendo pela escada do pecado e descubramos ao final que resulta
na garganta de um inocente diabo que nossas promessas criaram.
Me jurou tudo, e nada. Me jurou que seríamos reais em meio à tanta merda
porem não, não quero estar nem me sentir real. Não quero ser valente.
À você, à tua tortura, à tua loucura; sim quero.
Ver esta tua expressão molhada de mentiras enquanto as engulo, gota a gota…
e nos deixarmos lançados ao nada enquanto tudo segue girando e não sentimos pois
o amor nos dói demasiado  para sentir algo mais.
E eu gosto quando gritas à lua essa nostalgia que também é minha.
Me conte um conto, me apague a luz que já não sei como sonhar.
Nossa ultima canção de ninar foi infernal… que as meninas se tornaram
ladies e nossos Peter’s incharam em uma academia na Avenida Desilusão.
Façamos uma fogueira na porta da Felicidade; queimemos sonhos,
lembranças, dias, luas, caixas, corpos, almas, vozes, violões… Queimemos o
mundo! Vamos ver se nos abre.
E se não, nos deixemos por aqui; onde ninguém nos veja, enquanto choro e você me vê…
Enquanto conto aos filhos que nunca terei, quantos milhares de cores
haviam em seus olhos negros. E como vivi, enquanto morria um pouco mais nos
cinco mil esconderijos do seu olhar.


Anne Oliveira

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